Falando no plural, designer cria projetos que vão desde um memorial às vítimas da covid até um mobiliário cardíaco.
Por Eliana Castro | Fotos: Divulgação
Arquiteto e designer é uma definição muito reducionista para falar sobre Guto Requena. Seu estúdio, que leva seu nome, foi fundado em 2008 e, desde então, ele está envolvido em uma série de projetos que extrapolam a máxima de que “a forma segue a função”.
Porque Guto faz ativismo com um design em que usa a tecnologia para causar empatia e emoção. Uma curiosidade: ele não costuma empregar o pronome “eu”. Prefere “a gente” e “nós”, como se fizesse questão de pontuar que tudo é criado de forma colaborativa.
“A gente acredita muito no uso de novas tecnologias digitais para trazer mais poesia à superfície urbana das cidades”, diz. Atualmente, Guto está envolvido em dois projetos. Um deles é o Memorial Covid-19, em homenagem às vítimas da doença.
Nele, as pessoas se sentam em um dos dois bancos esculpidos em mármore em forma semicircular e, por meio do celular ou de óculos especiais, conseguem visualizar um conjunto de borboletas voando. Ao clicar em uma, descobrem que elas prestam homenagem a quem faleceu de covid. Esse ainda é um projeto conceito, que mistura analógico e digital.
“Ainda queremos viabilizá-lo para levar para as ruas de mais de uma cidade”, explica o arquiteto e designer.
“A ideia é que, mesmo sem saber qual idade, cor da pele, religião ou tipo físico, todos possam iniciar um diálogo apenas pelo coração.”
Outro projeto do estúdio que está em fase de desenvolvimento se chama Banco Tramas, um conjunto de mobiliário urbano que pode ser espalhado pelos bairros de uma cidade. Quando uma pessoa se senta no banco e coloca o dedo em um sensor, seu batimento cardíaco é distribuído, em tempo real, via speaker, para outros bancos em diferentes pontos.
Ainda há a opção de apertar outro botão para, além de enviar as vibrações cardíacas, abrir um canal de comunicação com outras pessoas. “A ideia é que, mesmo sem saber qual idade, cor da pele, religião ou tipo físico, todos possam iniciar um diálogo apenas pelo coração”, explica.
Na última edição da CasaCor, o Estúdio Guto Requena apresentou a Casa Conectada. O projeto foi todo feito de modo colaborativo e compartilhado na internet para as pessoas copiarem, aprimorarem ou criarem novos projetos com base nessa matriz.
Agora, a casa está sendo remontada na Marginal Pinheiros, em São Paulo, como sede de uma empresa que faz gestão da Marginal e de diversas praças. “Este case mostra a viabilidade técnica e a possibilidade de olhar para a arquitetura, que, no futuro, poderá ser muito mais sustentável, negando o jeito tradicional de fazer projetos.”
Além disso, o estúdio continua apostando no design paramétrico, que usa algoritmos e, posteriormente, a produção digital. Entre as novidades, estão o Buffet Paramétrico e o edifício Torre, este um projeto conceito que não será executado, mas que permitiu o exercício do uso de algoritmos e parametria para criar um edifício de mais de 20 andares.
“Nossos projetos buscam destacar o que não é comum, mostrar o que é diferente é bom, pois é o lugar de conflito”, afirma. “Buscamos dar suporte ao não habitual para que as pessoas possam abrir um canal de diálogo e empatia.”
Veja o depoimento do arquiteto e designer Guto Requena: