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GALERIA TEO NA SP-ARTE 2023

A Galeria Teo – que tem o objetivo de valorizar o legado do Design Moderno Brasileiro – realiza exposição nesta edição da SP-Arte em comemoração aos 150 anos do Liceu de Artes e Ofícios. GALERIA TEO NA SP-ARTE 2023

EXPOSIÇÃO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS

 Em parceria com o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a Galeria Teo participa da 19ª edição da SP-Arte, que acontece de 29 de março a 02 de abril, no Pavilhão da Bienal, com 20 peças de mobiliário das décadas de 30 a 80, desenvolvidas pelos alunos do Liceu de Artes e Ofícios, que comemora 150 anos em 2023.

A curadoria, assinada por Guilherme Wisnik, busca traçar um paralelo entre a arquitetura e as peças elaboradas; dentre as quais, algumas foram encomendadas por designers por conta da qualidade de execução das peças, mas também, pela matéria prima utilizada para sua confecção.

Com o objetivo de valorizar o mobiliário moderno brasileiro, a mostra expositiva é uma prévia da nova exposição dedicada ao Liceu, com abertura prevista para 11 de abril, no espaço da Galeria Teo, na Rua João Moura 1298. 

LICEU: A EXCELÊNCIA DO FAZER | TEXTO GUILHERME WISNIK

O selo azul colado nos móveis do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo sempre foi um atestado de qualidade. O primado da excelência na fabricação de cadeiras, poltronas, mesas, estantes e aparadores remonta à sua origem manufatureira, ligada à tradição dos mestres de ofício na Europa. Ao mesmo tempo, a criação da instituição, em 1873 – inicialmente denominada Sociedade Propagadora de Instrução Popular –, por iniciativa da elite paulistana, esteve vinculada à vontade de formação de mão de obra para a indústria nascente.

Abrigando ao mesmo tempo escola e oficina voltada para o mercado, o Liceu passou a atender encomendas tanto para os palacetes da burguesia quanto para importantes obras públicas, confeccionando caixilhos, portões, frisos e até mesmo estátuas monumentais. Oferecendo mão de obra gabaritada em suas oficinas de marcenaria e serralheria (que incluíam ebanisteria e fundição de metais finos), a instituição se destacou pela qualidade do fazer, que atendia ao gosto variado dos clientes, abarcando desde os florais ornamentados do Art Nouveau e do Ecletismo até as linhas retas e sóbrias do modernismo. É nessa última fase, iniciada nos anos 1950, que essa exposição se concentra.

A grande tradição brasileira no campo do mobiliário explorou o uso da madeira, reforçada no período moderno pelos trabalhos de figuras como Joaquim Tenreiro, Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues e Jorge Zalszupin, dentre outros. Esse é também o caso do Liceu, cujos móveis são feitos em madeiras nobres, como o jacarandá da Bahia e a imbuia, trazendo muitas vezes, como marcada de estilo, destacadas peças oblongas de travamento em cunha, feitas de faixas horizontais de jacarandá e marfim imperial. Uma bela maneira de se destacar os vínculos construtivos das peças, afastando-se já da noção de ornamento, que tanto guiou a sua produção até aquele período.

O trabalho nas oficinas do Liceu executava tanto o desenho de projetistas de fora quanto aqueles que eram realizados internamente, e que constituem o foco desta exposição. Mas a ênfase dos projetos do Liceu nunca foi a invenção formal, e sim a decantação de padrões de linguagem construtiva lentamente assimilados ao longo do tempo, e depurados sobre as noções de estabilidade e elegância.

Num tempo em que o design autoral se destaca cada vez mais, os móveis do Liceu demonstram a qualidade de uma produção anônima e de caráter coletivo. Assim, à medida que o desenho de mobiliário no Brasil vai se aproximando – pelo traço autoral, e pela ainda tímida serialidade da sua produção – do caráter idiossincrático da obra de arte, as peças fabricadas pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo reafirmam o ethos do trabalho coletivo, apoiado no binômio que a fundou: artesanato e indústria.

SOBRE O CURADOR GUILHERME WISNIK

Professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Guilherme Wisnik é crítico de arte e arquitetura, autor de livros como Lucio Costa (2001), Caetano Veloso (2005), Estado crítico (2009), Espaço em obra (2018) e Dentro do nevoeiro (2018). Wisnik é membro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e foi curador-geral da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013).

// EXPOSIÇÃO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS 150 ANOS – CURADORIA GUILHERME WISNIK

// 29 DE MARÇO A 02 DE ABRIL

// SETOR DESIGN | ESTANDE DS04 – PAVILHÃO DA BIENAL | PARQUE IBIRAPUERA | SÃO PAULO

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