Design é dar forma sensível ao que se tem de intangível.
Por Marcelo Lopes | Ilustração: Luisa Grigoletto e Luiza Jansen
Por ocasião da edição do livro “Krystallos”, em 2001, elaborei minha própria definição de design. A partir desse momento pensei que poderia existir uma maneira de continuar explorando essa definição.
Assim começou uma história que surgiu em 2009, quando fui convidado pela extinta revista impressa Desktop para escrever uma coluna sobre design e passei a convidar designers para expressarem suas visões sobre o tema de forma bem sucinta. A inspiração veio das antigas figurinhas “Amar é…”.
Desde então, pensei que isso poderia se tornar um livro. Essa ideia começou a germinar em 2016, em comemoração aos cinco anos do DW! (Design Weekend), quando abri o convite para outras personalidades do design brasileiro que ajudaram a construir a história do maior festival da América Latina dedicado ao tema.
O projeto cresceu. Não foi apenas o livro. Primeiro, ele veio com uma instalação no IED que era uma explosão de 200 cubos suspensos. O cubo foi escolhido como elemento-base da montagem, por exibir diversas faces, assim como o design, e o colorido simbolizando as infinitas possibilidades da criação. Uma experiência impactante. Passamos tanto tempo olhando para baixo, em nossas telas de celular, que quis criar um momento para olharmos para cima. Foi como se estivéssemos buscando cada estrela de uma constelação. Cada uma tem seu brilho próprio, mas juntas compõem um universo inteiro a ser explorado.
Já o livro, edição limitada e numerada, teve a dimensão espacial dos cubos da mostra, materializado no formato quadrado. Assim como o cubo tem várias faces, o livro convida a interagir e girar cada conjunto de páginas, reafirmando que o design é eterno movimento!
O que é design?
O planeta Terra por si só é a maior obra de design já concebida. Nele, encontramos ícones do design divino. Em se tratando do Brasil, podemos listar a beleza natural da cidade do Rio de Janeiro, a magnificência das Cataratas do Iguaçu, o esplendor da Mata Atlântica e a fluidez dos Lençóis Maranhenses. O criador não poupou esforços para encantar os olhos de todos nós! Anos atrás, a única maneira de se ver os Lençóis Maranhenses, por cima, era com ajuda de dois projetos de design: avião ou helicóptero. Hoje, podemos ter essas imagens capturadas através de outro produto de design, o drone.
Além de uma ferramenta poderosa da inovação, o design agrega valor. Nos anos 1900, o perfumista François Coty, pai da indústria de perfume moderna, impressionado as joias e objetos de vidro de René Lalique, o convidou para desenhar o frasco para o perfume L’Effleurt. Isso era novidade, porque perfume e frasco eram vendidos separadamente, já que a maioria das fragrâncias eram feitas de essências naturais, ao contrário das produzidas por Coty, precursor das essências sintéticas.
Um belíssimo clássico frasco Art Nouveau, então, foi criado por Lalique para o perfume L’Effleurt. A partir daí, ele começou a ser convidado por outras casas perfumistas para desenvolver frascos dos perfumes, agregando valor.
Tornar os produtos mais atraentes e mais funcionais se espalha por todos os segmentos da indústria por meio do design. Isso vem acontecendo há séculos. E assim será eternamente. O design, sempre em movimento, criando infinitas possibilidades, onde a linha do tempo será cada vez mais surpreendente com suas criações! Passa- do, presente e futuro, em total sinergia.
Marcelo Lopes, com mais de 30 anos de carreira e mais de 50 prêmios nacionais e internacionais em Design, atua no seguimento gráfico, joias e mobiliário.