Entre a arte e os processos industriais, Estúdio RAIN se firma como um dos principais talentos do design brasileiro
Mariana Ramos é designer, Ricardo Innecco, arquiteto. Nascidos em Brasília, cidade em que também cursaram a universidade, eles uniram talentos em 2014, quando fundaram o Estúdio Rain, em São Paulo, depois de algumas experiências profissionais na capital paulista. Com produção própria, a dupla projeta móveis, luminárias e objetos, cujas linhas evidenciam o viés escultórico.
Rícino (acima) é uma coleção de luminárias de aspecto quase incorpóreo, feitas em resina vegetal à base do óleo de mamona.
Em 2015, as mesas baixas Piscina, um dos primeiros produtos assinados por eles, virou hit, com publicações em revistas e sites nacionais e estrangeiros. Em 2018, foi a vez de ganharem re- conhecimento internacional, sendo eleitos pelo influente portal Dezeen um dos cinco destaques do design brasileiro emergente. Em 2020, a du- pla viajou para Frankfurt, Alemanha, e participou da Feira Ambiente, uma das mais importantes de utilitários do mundo, que os escolheu, ao lado de outros quatro estúdios, para homenagear o Brasil.
Sem fazer alarde, Mariana e Ricardo trilham um caminho consistente no design nacional, transitando entre a arte e os processos industriais. Na mais recente coleção, surpreenderam com a originalidade das linhas Rícino e Sólida, ambas expostas durante a Semana de Design de São Paulo, o DW!, no showroom localizado na Barra Funda.
Pesquisadores incansáveis de materiais renováveis, testaram por três anos uma resina maleável e altamente resistente a variações de temperatura. O polímero feito à base de óleo de mamona foi desenvolvido pela Universidade de São Paulo e tem uso mais frequente na construção civil.
A série Sólida, composta de duas mesas, um banco e uma baqueta, tem cur- vas irregulares e simétricas contrastando com o uso da madeira maciça Garapeira
O aspecto âmbar, a transparência e a estabilidade térmica dessa matéria-prima motivaram a dupla a testá-la em luminárias, o que resultou na linha Rícino, com quatro modelos – de mesa, parede e piso –, apoiados em estruturas de alumínio. “Além de ser sustentável, o material produz uma luz alaranjada. O desenho irregular das bordas captura o processo de fundição, conservando o estado líquido inicial da resina. É como se a forma final da peça contasse a história de seu processo de produção”, afirma Mariana.
Em contraponto com a leveza da Rícino, a série Sólida emprega a madeira maciça como principal elemento construtivo. Cada peça – duas mesas e dois bancos, produzidos em má- quina de CNC – é composta por dois ou três vo- lumes sintéticos e de diferentes dimensões, que, sobrepostos, sugerem uma relação de equilíbrio entre eles. “São curvas precisas, e a nossa ideia foi justamente contrastar o material natural com essas formas orgânicas e almofadadas, resultado de processos digitais”, explica os profissionais, que já partiram para novas pesquisas, pensando, é claro, na próxima coleção do Rain.
// Por: Regina Galvão – @reginagalvaojornalista
// Fotos: Alex Batista