Com projeto de arquitetura de Jean Nouvel e interiores de Philippe Starck, o Hotel Rosewood São Paulo se torna uma referência global da marca hoteleira de luxo e uma inspiração de como renovar com excelência um patrimônio histórico.
Por Regina Galvão
Fotos: Ruy Teixeira
Tapetes feitos à mão e estampados com insetos brasileiros, em desenho assinado por Regina Silveira, uma das mais importantes artistas contemporâneas do país, marcam a entrada do Hotel Rosewood, o recém-inaugurado seis estrelas da capital paulista.
Junto da obra têxtil estão outras peças de renomados designers nacionais, como Sergio Rodrigues (1927-2014), Jorge Zalszupin (1922-2020), Zanine Caldas (1919-2001), Claudia Moreira Salles e Alfio Lisi, além de 450 telas, gravuras e fotografias de 57 artistas brasileiros. Uma seleção apurada de criações, que passou pelo crivo do poderoso francês do design mundial: Philippe Starck.
Com uma equipe instalada em São Paulo, Starck definiu, durante visitas à capital paulista e também em sua casa no litoral francês, os revestimentos, os móveis e os acessórios que compõem o design de interiores do megaempreendimento, projetado por Jean Nouvel, ganhador do Prêmio Pritzker, em 2008, que contou com o apoio do escritório Triptyque no Brasil.
“Tudo o que tem aqui é 100% brasileiro”, diz, com orgulho, o também francês Alexandre Allard, o empresário responsável por transformar o Hospital e Maternidade Condessa Filome – na Matarazzo – patrimônio de 1943, tombado pelo Condephatt, que esteve abandonado por 20 anos – em um dos principais complexos culturais e paisagísticos do país, com 27 mil m2.
“Na Avenida Paulista, havia uma rocha de energia telúrica. Era uma área sagrada para os indígenas.”
Previsto para ser inaugurado em sua totalidade em 2023, o Cidade Matarazzo estreia com o hotel da rede de luxo Rosewood, abrigando 160 quartos e 100 suítes residenciais, além de seis restaurantes e bares exclusivos.
Antes de contratar Philippe Starck e Jean Nouvel para a empreitada, Allard achou por bem pesquisar a fundo a história do lugar. “Perto daqui, na Avenida Paulista, havia uma rocha de energia telúrica. Era uma área sagrada para os indígenas. Antes de reformular esse espaço, quis saber de sua origem, suas raízes, a energia que ele transmitia. E para esse trabalho, que ajuda a projetar a cidade do futuro, eu escolhi dois gênios da arquitetura e do design.”
Starck, por sua vez, na rápida visita que fez a São Paulo, em abril, para a inauguração da primeira etapa do projeto, explicou a jornalistas e estudantes de arquitetura que seus interesses para realizar os interiores foram outros.
“Me interesso por pessoas, pela vida que elas levam. Não fui estudar as origens de São Paulo, mas seus habitantes, e vocês são especiais. São pessoas apaixonadas, amantes dos excessos, amorosos, criativos. Isso basta para a minha compreensão do que fazer. Eu preciso sentir essa vibração e, quando isso acontece, nunca me engano com as escolhas.” Com luxo, magia e criatividade brasileira, o que Starck pretende mesmo é tocar o coração de quem circular por ali.