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Muito além do prato

A comida é o fio condutor do projeto do Instituto Comida e Cultura, que está levando para as escolas história, cultura, biodiversidade e relações étnico-raciais.

Há muitos outros ingredientes além dos que estão na receita de um prato de comida. História, cultura, biodiversidade e relações étnico-raciais são alguns temas que podem surgir a partir dele. E é justamente para trazer essa conversa à mesa que o Instituto Comida e Cultura (ICC), que atua desde 2018, criou o programa de formação Cozinhas & Infâncias. Fundado por Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto, ativistas da alimentação saudável, o Instituto Comida e Cultura tem trabalhado com a formação de educadores e outros profissionais envolvidos no desenvolvimento integral da criança. Abaixo, você confere o bate-papo com participação de Bela Gil sobre o tema.

PARTE I e II



“O ICC surgiu da vontade mútua de transformar educação inserindo alimentação como pauta”, diz Bela Gil. Ela e suas parceiras acreditam que, quando a pessoa aprende ainda na infância a se alimentar bem e entende o impacto do que come, irá levar esse conhecimento – e um cuidado maior com a alimentação – para toda a vida.

Por isso, o projeto procura fomentar o debate e inserir o tema da alimentação nos currículos pedagógicos. Este ano, com apoio da Coordenadoria de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (CODAE/SME-SP) e da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), o ICC formou 282 professores
e nutricionistas de todo o conjunto de Escolas Municipais de Educação Infantil e dos Centros Municipais de Educação Infantil (EMEIs e CEMEIs) da rede municipal de São Paulo. E, neste semestre, outros 308 educadores estão participando do curso, que até o final de 2023 espera ver formados quase 600 profissionais de educação. Além de escolas de São Paulo, o ICC levou seu projeto para a Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso.

Todo o material didático do ICC traz o conceito da alimentação saudável e a trajetória da cultura culinária brasileira. “Quem norteia os passos doCozinhas & Infâncias é o Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB), visando a levar o tema da alimentação e suas múltiplas dimensões aos currículos escolares de todo o Brasil”, diz Bela.

Ariela Doctors, responsável pela gestão do ICC e idealizadora do projeto, explica que cozinhar com as crianças gera autonomia, liberdade, motricidade. “Pedagogicamente falando, a gente entende que o alimento traz uma multiplicidade muito grande e deveria entrar nos currículos das escolas interdisciplinarmente”, diz.

BEIJU DE MANDIOCA RALADA

Receita que rende 6 unidades

Ingredientes

  • 2 mandiocas médias
  • Sal a gosto
  • 50g de queijo parmesão ralado (opcional)
  • Ervas frescas como alecrim, manjericão, sálvia, coentro, tomilho (opcional)

Modo de preparo

Descasque e rale toda a mandioca. Esprema essa massa em um pano de prato limpo ou voal, para extrair o líquido dela (conhecido como “manipueira” ou “tucupi”). Passe a mandioca seca por uma peneira de granulação média. Adicione sal a gosto, o queijo parmesão e as ervas de sua preferência. Distribua a massa numa frigideira e esquente, em fogo médio, por 1 minuto cada lado. Está pronto para servir!

Quem inspirou essa iguaria?

Quem inspirou e ensinou essa receita foi Mara Salles, que aprendeu a fazer o beiju
na aldeia Yamado, pequena comunidade indígena Baniwa, na região do alto Rio Negro, próximo a São Gabriela da Cachoeira, na Amazônia.

Ela conta em seu livro Ambiências Histórias e Receitas do Brasil que esses beijus são feitos pelas mulheres. Depois de prontos, eles são dispostos em folhas de bananeira para ser apreciados a qualquer hora, sozinhos ou acompanhados de nacos de peixe e pimenta.

Na foto de capa, Daniella Brochado, Bela Gil, Ariela Doctors e Juliana Furlaneto, do Instituto Comida e Cultura

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