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Isabela Capeto: Alegria, alegria

Com um estilo que celebra o artesanal, a cor e a valorização do produto brasileiro, a designer Isabela Capeto é dona de uma personalidade forte e alegre. Suas peças são como obras de arte feitas à mão, com bordados e aplicações que tornam cada criação exclusiva.

Por Simone Raitzik

Fotos: André Nazareth

Isabela Capeto fala rápido, gesticulando, e transmite uma vibração contagiante quando revela seu processo criativo, nada convencional. A paisagem e as construções típicas do Cariri, no Ceará, os personagens das ruas do Rio, a paisagem estonteante da Baía de Guanabara emoldurada na janela e, acima de tudo, as artes plásticas são referências frequentes em suas coleções, que, assim como ela, não seguem moda ou tendência.

São peças carregadas de brasilidade, de uma profunda pesquisa estética e da valorização do artesanal, do bordado, das estampas exclusivas. “Sigo na contramão da linguagem sexy. Minha praia é a mulher romântica, mas nem por isso menos sensual”, avisa ela.

“Não paro. Entro de cabeça em tudo o que me envolvo”, admite. Essa não-acomodação a levou longe: desde o curso de moda, em Florença, Itália, nos anos 1990, até as prateleiras de dezenas de lojas badaladas mundo afora.

Hoje, depois de vender e recomprar sua marca (do grupo InBrands), abrir e fechar lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo e ter enfrentado um incêndio de grandes proporções no antigo ateliê, ela se diz mais madura, feliz de conquistar a independência criativa, mas sem perder o frescor e a energia de antigamente.

“Sou fascinada pelo processo de me reinventar. Isso traz um prazer enorme, como um desafio que sacode a vida e não deixa nada no lugar”, diz ela, que atualmente atende clientes e desenvolve suas coleções em um showroom em Botafogo, na capital fluminense, e comercializa as peças em multimarcas (Pinga Store) e online para todo o Brasil. “Ainda não voltei para o mercado internacional desde que recuperei a marca, em 2011, mas aguardem. Vai chegar a hora”, pontua.

Quase tudo que cerca Isabela reflete esse seu estilo irreverente e inquieto de ser. A começar pela arrumação de sua casa, cujos móveis e objetos ganham sempre novas roupagens e cores fortes.

“Sou daquelas que acorda cedinho e vai para a feira da Cadeg comprar flores. Faço arranjos, perfumo os ambientes. Casa que se preza precisa de investimento: plantas, fruta, cor e textura. E amigos por perto. Tenho uma relação intensa com o lugar onde moro e isso me alimenta em todos os sentidos”, afirma.

Parte desse seu interesse pelo universo de decoração deságua nas parcerias que desenvolve com várias marcas. Recentemente, ela criou padronagens para uma coleção de porcelanatos da Ceusa – são três linhas e em todas o mix de tons vibrantes se destaca.

“A inspiração veio de imagens que eu trouxe de uma viagem recente ao Cariri, no Ceará. Pesquisei também antigos desenhos de azulejos hidráulicos e acrescentei recordações de ambientes da minha infância, permeadas de memória afetiva”, explica ela, admitindo que produzir em collabs é um exercício que a desafia.

“Sou adepta do design democrático e acessível. A pessoa pode não comprar uma roupa Isabela Capeto, mas consegue uma sandália de plástico assinada por mim ou até uma sacola de supermercado estampada com o meu traço. Essa versatilidade de universos me encanta”, revela.

O mesmo dom da criação e a paixão pela moda, Isabela transmitiu para a filha de 23 anos, Francisca, a Chica Capeto, formada em design. Em sintonia, mãe e filha apostam no artesanal, no bordado, nas estampas exclusivas, na irreverência com pitadas de romantismo.

“Brinco que, para usar uma roupa da Isabela Capeto, tem que ter atitude. São criações que não somem na multidão. Minha última coleção foi inspirada nas PANCs, plantas comestíveis, com muitos modelos e uma paleta bem colorida. Agora estou desenvolvendo a que traz estampas que revelam o que chamo de Meu Rio, com personagens e paisagens marcantes da cidade em que vivo e amo”, conta ela.

Em geral, Isabela lança novidades para sua marca apenas uma vez por ano porque o envolvimento e o processo são intensos. “A sorte é que minhas roupas são atemporais, não perdem o frescor”, comemora a estilista, que acaba de completar meio século de vida com um recado: “Não virei careta. Sinto uma força e uma potência que me posicionam no mundo. E a liberdade de fazer o que eu bem entender”.

Confira o vídeo sobre o trabalho de Isabela Capeto:

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