
Com roupas bordadas em parceria com artesãs e ONGs, o Projeto Fio apresenta uma moda consciente que junta tendência e transformação social

O bordado foi a escolha para juntar as tendências ao empoderamento feminino. As designers iniciaram uma agenda de capacitação em comunidades do Rio de Janeiro com foco em ensinar a técnica, fortalecer e remunerar mulheres. Em oficinas de arteterapia, as artesãs ainda aprendem a usar o bordado para contar sua própria história. “Sinto que essa arte resgata a ancestralidade, aproxima gerações e une tantas de nós por um fio”, avalia Marina.
Deu certo. O Projeto fio está em sua décima coleção, a maioria delas realizada com bordadeiras da comunidade da Tijuquinha, no Itanhangá, e com as ONGs Baalaka Social e Redes da Maré. “Mostramos que o sistema não precisa ser explorador”, afirma Olivia, que está se especializando em sustentabilidade na Alemanha.
“Sinto que essa arte resgata a ancestralidade, aproxima gerações e une tantas de nós por um fio” MARINA BITTENCOURT
Antes de planejar uma coleção, as designers abrem uma roda de conversa com as artesãs, trocam memórias e vivências e, só então, definem a temática. “Chamaria nosso estilo de novo clássico, uma atemporalidade com toques modernos. Gostamos de ter uma linguagem de moda, não ficamos paradas no tempo”, diz Marina. As peças chegam às araras carregadas de histórias. Entre os temas, já houve PANCs (plantas alimentícias não convencionais), Pomar e Correio do Amor – os motivos estampam camisas, calças, coletes, croppeds, shorts e outros itens confeccionados em algodão e linho, vendidos on-line e na loja em Botafogo.
A diretora de criação Ana Luiza destaca que todas as criações são pensadas para que as pessoas se lembrem da importância de saber de onde vem o que consomem.
Por isso, cada item leva uma etiqueta com o nome da bordadeira. “Reforçamos a relação de quem faz com quem recebe”, afirma Ana Luiza. “Meu grande prazer é contar histórias, e adoro a forma como fazemos isso. Sou muito ligada no que está acontecendo agora na cena, vivo em constante pesquisa, mas, ao mesmo tempo, sou viciada em olhar para o que perdura, o que atravessa os tempos e aproxima uma ponta da outra”, finaliza.


















